Originally published in Estado de São Paulo, Terça-feira, 17 de julho de 2001. <http://www.estadao.com.br/tecnologia/coluna/robsonpe/2001/jul/17/219.htm>
Chips em animais
Robson Pereira
O uso de microchips em animais domésticos chegou mesmo. Seguindo uma prática já comum em diversos países - em alguns deles de forma obrigatória - algumas cidades brasileiras começam a adotar programas de implante de chips eletrônicos, em parceria com sociedades protetoras dos animais ou de medicina veterinária. Os microchips, do tamanho de um grão de arroz, são injetados sob a pele do cão ou do gato com o auxílio de uma agulha e contêm informações sobre o tipo sanguíneo, endereço e histórico médico, entre outras, que formam o "RG" do animal.
Cada chip possui um código individual, gravado a laser e encapsulado em vidro cirúrgico, mesmo material usado em marca-passo. A leitura do código é feita por um scaner que emite um sinal de rádio de baixíssima frequência. Os códigos são arquivados em bancos de dados, permitindo, por exemplo, a rápida localização do proprietário de um animal perdido. Por aqui, o custo de implantação do tal chip varia entre R$ 40 e R$ 70. Em Buenos Aires, onde um programa semelhante está previsto para ter início ainda este mês, a identificação eletrônica de cães e gatos será gratuita, mas obrigatória.
Chips em seres humanos
Para quem não se lembra ou tem dúvidas sobre onde deverão nos levar iniciativas como estas, podemos recordar dois exemplos relativamente recentes. Em meados do ano passado, jornais europeus divulgaram uma experiência realizada por um especialista que implantou no antebraço um microchip com informações que lhe permitiriam, por exemplo, acessar e movimentar sua conta em terminais bancários.
O outro exemplo é doméstico e mais inquietante. No final de 97, o artista plástico carioca Eduardo Kac, professor de arte eletrônica na The School of the Art Institute of Chicago, causou polêmica ao implantar em seu tornozelo esquerdo (www.ekac.org) um microchip semelhante aos que estão sendo utilizados atualmente em cães e gatos. O chip continha um número com nove dígitos - registrado pela Internet num banco de dados norte-americano.
Alguns críticos interpretaram a iniciativa como um alerta contra possíveis formas de vigilância e controle sobre o ser humano. Outros, acreditaram tratar-se de uma demonstração antecipada de uma espécie de mutação biológica, onde memórias digitais (os chips) são implantadas para complementar ou substituir as nossas próprias memórias (o DNA). Tudo sem fios.
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